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Tour pelo Deserto do Saara: cruzando o Marrocos de Fez a Marrakesh

por | mar 10, 2018 | Destaques, Escapadas

Tour pelo Deserto do Saara – Quando me perguntam o que eu achei do Marrocos, a minha resposta sempre começa com “é mais incrível do que nas fotos, novelas e documentários. E não digo isso somente por conta das belezas naturais e riquezas culturais – em alguns momentos o turista até fica um pouco chocado com as diferenças – mas principalmente pela energia. Quando eu penso nessa energia logo me vêm a mente duas coisas: (1) o som das mesquitas no fim do dia tomando conta da cidade, todas ao mesmo tempo, chamando para a oração, e das músicas das festas de casamentos que diariamente aconteciam na vizinhança, com muito batuque; (2) o contraste da natureza, que mistura deserto, montanha, rio e oásis.

Quero compartilhar com vocês de que forma eu e meu amigo dividimos os nossos dias e como fizemos os passeios. Conseguimos encaixar o Marrocos em uma viagem de 25 dias em agosto, ápice do verão,  com o seguinte trajeto: Madri, Marrocos, Barcelona, Budapeste, Praga e Paris. Passamos 6 dias e meio no Marrocos: 1 dia e meio  em Fez, 3 dias cruzando o Marrocos em uma van (Tour pelo Deserto do Saara) e 1  dia e meio em Marrakesh.

Muita gente me perguntou sobre os 3 dias de Tour pelo Deserto do Saara que, entra tantas belezas, nos levou ao Deserto do Saara, Vale dos Dades, Garganta do Todra, Vale das Rosas e Ouarzazate.  Neste texto, focarei nesse trecho da viagem.

Praticamente todo o trajeto foi pelas regiões da Cordilheira do Atlas, que é dividida nas regiões do Alto Atlas (4.100 metros) e Médio Atlas (3.300 metros).

De avião, fomos de Madri a Fez em uma viagem de 45 minutos. Chegamos na terça-feira à tarde. Fez tem a fama ser uma cidade genuinamente marroquina, onde a cultura ainda não foi transformada pelo turismo e a identidade local é bem preservada. A cidade já foi capital do Marrocos e possui a maior e mais antiga medina viva do mundo árabe, que é a parte murada e cheia de labirintos onde milhares de pessoas moram. Em breve, farei um post somente para Fez. Veja algumas fotos e vídeo:

Quem lembra dessa cena em O Clone? Os antigos curtumes são passeios imperdíveis em Fez. O processo é todo artesanal. Nos poços brancos, tem fezes de pombo e cal para tratamento do couro, antes de ser tingido. O cheiro é forte, e eles nos dão folhas de menta para amenizar o odor. Mas faz parte do passeio né?

Tour pelo Deserto do Saara

A agência de turismo

Indicamos que vocês já fechem esse tour com antecedência com uma agência de confiança. Depois de muita pesquisa, escolhemos a Sahara Desert Crew. Eles fazem todos os tipos de passeios, para os principais pontos turísticos do país. Então com certeza algum deles vai ser exatamente o que você procura. O nosso pacote incluiu: um motorista e guia que fala inglês, uma van somente para nós, duas noites em ótimas acomodações, sendo a primeira, uma tenda no deserto do Saara, dois jantares, e todos os passeios, incluindo o deserto do Saara.

Eles ofereceram o melhor preço e foram super prestativos com a gente já por e-mail (saharadesertcrew@gmail.com). Isso fez toda a diferença. O Brahim, nosso guia e motorista, é uma pessoa incrível e se tornou um amigo na viagem. Super cuidadoso, respeitou o nosso ritmo e preferências. Ele captou o tipo de turistas que somos, que ama fotografar os pontos turísticos, mas que também quer entender como é a vida e rotina do povo local. Durante o percurso passamos por vários vilarejos e ele ia explicando as curiosidades e detalhes dos povos locais. Inclusive, Brahim nos convidou para tomar um chá na casa dele, com a sua família, algo que estava fora do tour. Para nós, foi um dos momentos mais especiais do passeio.

Clique neste link para ver os comentários no TripAdvisor. Tem vários feedbacks de turistas brasileiros.

O Brahim tornou a viagem ainda mais inesquecível. Durante todo o trajeto ele ia explicando sobre os costumes locais, as peculiaridades e respondendo às nossas milhões de perguntas. Thanks Brahim!

1º dia – Suíça Marroquina, Floresta de Cedros e Deserto do Saara

A nossa aventura em direção ao deserto começou na quinta-feira. O Brahim nos buscou cedo no hostel e a primeira parada, no fim da manhã, foi em Ifrane, uma pequena cidade na região do Médio Atlas, considerada a suíça marroquina. Foi uma grande surpresa para nós. O clima ameno e as casas com arquitetura europeia justificam a fama. Era verão, mas as temperaturas eram mais baixas do que em Fez. Devido à grande altitude, neva bastante no inverno.

Tomamos um café e partimos para o nosso próximo destino, a Floresta de Cedros, onde os macacos roubam a cena. Almoçamos em uma pequena cidade próxima e seguimos em frente, passando por diversos vilarejos. A vontade era de parar em todos para fotografar, mas tínhamos que chegar no Deserto do Saara no mesmo dia.

Uma floresta de cedros a apenas 400 km do Deserto do Saara.

 

A paisagem vai mudando rapidamente e o deserto começa a mostrar sua força. Escutamos muita Shakira na van. Os marroquinos adoram ela. O Brahim deixou o rádio da van à nossa disposição para colocar a nossa playlist. Claro que rolou muita música local, mas também Madonna,The Police e Rihanna.

O Marrocos é um país de maioria Islâmica, mas os turistas não precisam usar lenço. Eu usei para me proteger do sol. Lembrem que era agosto e fazia quase 50 graus. E claro, para entrar no estilo desse país maravilhoso.

Nosso primeiro oásis, no vale de Ziz Gorge. É impressionante demais. Uma floresta de tamareiras no meio de uma paisagem quase lunar.

No fim da tarde, chegamos em Merzouga, a porta de entrada para o Deserto do Saara. Merzouga é uma vila berbere, que é povo local do norte da África, que já vivia no Marrocos antes da chegada dos árabes. Na região das Montanhas do Atlas a presença deles é muito forte. Merzouga está localizada ao lado do trecho do Saara conhecida como Erg Chebbi, um dos grandes conjuntos de dunas douradas do Marrocos, na fronteira com a Argélia. Lá descarregamos as nossas malas em um hotel que já estava reservado, tomamos um banho e nos despedimos temporariamente do Brahim. Isso porque quem nos guia pelo deserto são os guias locais. Encontramos a nossa comitiva de dromedários e começamos o nosso tão esperado passeio.

A entrada do nosso hotel. Demais né?

Malas descarregadas, banho tomado, partiu Saara!

Andamos durante uma hora em cima do dromedário. É bastante desconfortável e já sabíamos disso, mas preferimos ter uma experiência completa. Se formos uma segunda vez, com certeza vamos escolher ir de quadriciclo. Mas valeu como uma estreia.

Quanto mais a gente avançava, mais a paisagem era tomada pela imensidão laranja do deserto. Felizmente estava nublado, o que deixou o nosso passeio ainda mais agradável. Nesse momento, você só quer ficar em silêncio e apreciar aquilo que até então só tinha visto nos filmes. É lindo e emocionante!

Tour pelo Deserto do Saara – Nos juntamos a turistas italianos que chegaram no mesmo horário que a gente.

Tour pelo Deserto do Saara – Além de guias, são eles que preparam o nosso jantar, animam a noite com muita música e nos levam para passear pelas dunas à noite. Não medem esforço para nos agradar.

Tour pelo Deserto do Saara

Tour pelo Deserto do Saara

Chegamos ao acampamento e  de cara já amamos tudo! São várias tendas individuais, com cama, tapete e luz elétrica. Super confortável e limpo. No meio do acampamento tem um espaço ao ar livre onde nos reunimos com os outros turistas que estavam no mesmo acampamento. Logo, o jantar foi servido. Nesse momento, eu olhei para o Vini e pedimos para o tempo parar. A atmosfera era tão incrível que não parecia real. Foi uma das melhores comidas da nossa viagem, no lugar mais incrível, com a melhor energia.

 

Tour pelo Deserto do Saara – No verão, por conta do calor, muitos dormem em colchões ao ar livre. Eu topei a experiência. O vini preferiu o quarto.

Tour pelo Deserto do Saara

Tour pelo Deserto do Saara

Tour pelo Deserto do Saara – No inverno, as refeições são feitas dentro das tendas.

Tour pelo Deserto do Saara

Tour pelo Deserto do Saara – Perguntamos ao Brahim se havia narguilé no acampamento. Prontamente ele providenciou tudo e entregou aos guias para levar para a gente.

Entrada: pão, arroz e salada de tomate, pepino e azeitonas.

Prato principal: um tajine divino! O Brahim teve o cuidado de avisar que o Vini era vegetariano. O dele não tinha carne. De sobremesa: a melancia mais doce.

Depois do jantar, os guias começaram a cantar e tocar instrumentos típicos da região e nós dançamos. Nesse momento, uma chuva fina começou a cair (sim, no deserto!) e o momento ficou ainda mais mágico. Em seguida, passeamos pelas dunas. Cada segundo foi inesquecível. Conversamos até de madrugada com os guias sobre como é viver naquela região, e eles também tinham várias perguntas.  Eles eram super jovens e, no fim, vimos que somos todos iguais e que a liberdade é o bem mais precioso que podemos ter.

2º dia – Garganta do Todra e Vale do Dades

Na sexta-feira acordamos cedo e, infelizmente não conseguimos ver o famoso  nascer do sol do Saara, pois estava nublado. Mais um motivo para voltarmos lá. Subimos no dromedário e mais uma hora de volta ao hotel em Merzouga. Chegamos cansados e um café da manhã nos esperava. Tomamos banho, pegamos a mala e pé na estrada! Mais vilarejos, mais oásis, mais um dia inesquecível.

Nossa próxima parada foi na Garganta do Todra, em direção à região do Alto Atlas. Difícil superar o Saara, mas esse lugar! Toda a força da natureza parecia estar ali! E das pessoas também. Ficamos sentados por um tempo, com o pé na água, apenas observando. As crianças brincando na água, as mulheres nadando com suas vestimentas, mães cortando melancias para seus filhos, as famílias cantando e dançando na beira do rio. Não tem dinheiro que pague essa experiência.

   

De lá, partimos para o Vale do Dades, um imenso vale serpenteado pelo rio Dades na região do Alto Atlas. No caminho, há vários vilarejos, kasbahs antigos e diversos oásis. Não me cansei de olhar a paisagem um minuto sequer.  A nossa noite foi em um hotel no alto do vale, com um quarto super confortável, jantar maravilhoso e muito narguilé. Mais um dia inesquecível.

Varanda do nosso hotel.

Comemorando a vitória do time de futebol!

3º dia – Vale das Rosas, Ouarzazate e Marrakesh.

O terceiro dia foi mais urbano. Partimos em direção a Marrakesh.  No caminho, passamos pelo Vale das Rosas, região responsável pela maior produção de óleo e água de rosas do país. Na estrada há várias barracas e lojas com produtos produzidos na região.  De lá, passamos pela cidade de Ouarzazate, considerada a Hollywood da África. Passamos pelo Atlas Studios, com cenários onde foram gravados filmes como A Múmia e Cleópatra. Não entramos, mas é possível fazer um tour dentro. Visitamos o Ait Benhaddou um gigante e antigo Kasbah, patrimônio da UNESCO, onde foram filmados Gladiador, Lawrence das Arábias e cenas de Game of Thrones. Almoçamos por lá e descemos a cadeia de Montanhas do Atlas, passando por desfiladeiros de tirar o fôlego.

Mirante com vista para Ait Benhaddou.

Por dentro do Ait Benhaddou.

Ouarzazate ao fundo.

Percorrendo os corredores de Ait Benhaddou.

Hi, Brahim! Thanks for everything!

Para chegar a Marrakesh, é preciso descer as Montanhas do Atlas.

No fim do dia, chegamos a Marrakesh. Uma cidade encantadora e que, sem dúvidas, merece ser visitada. Vamos contar em breve, em outro post, todos os detalhes. O Marrocos que imaginamos, mais árabe, está em Marrakesh e Fez. E aquele que vai além do que imaginamos, mais berbere, está no Deserto do Saara e nas Montanhas do Atlas.

Quer saber todos os detalhes de outra viagem nossa?  Que tal o Peru?

 

Escrito por

Jornalista